segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Universidade em processo.

Depoimento sobre a vivência no CEPROG - Teixeira de Freitas/BA e breve resumo sobre a história da formação das Universidades.


Esse poema de Richard Bach define um tanto do meu sentimento em relação a esta experiência que contarei a seguir; mas também, toda a vivência que tive com o componente Universidade e Sociedade durante o quadrimestre. Aqui, me descobri eterna educando e educadora, pois para sê-los, basta viver.

Começamos o CC sendo questionados pela professora Andréa, pensando e debatendo sobre o que é Universidade e qual o seu papel na Sociedade e o finalizamos com a experiência trazendo um pouco de toda essa vivência para os alunos do Colégio CEPROG, na medida que contávamos também sobre a história da Universidade e sua importância na sociedade, sobretudo a UFSB. Eu e meu grupo ficamos na sala com alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA), responsável pelo 2º e 3º ano colegial. Ao todo eram 14 alunos, quantidade bem menor do que nós esperávamos.

Iniciamos nos apresentando (nome, idade e curso) e depois, pedimos que cada um se apresentasse (nome, idade, se pretendia fazer algum curso, qual, e se conhecia a UFSB). As respostas foram bem variadas, a maioria da sala não conhecia a UFSB e contei quatro deles que pensavam em entrar no ensino superior, falaram em enfermagem, engenharia agrônoma, medicina e direito; os outros pensavam em concurso público. Depois dessas apresentações, começamos uma interação mais dinâmica os questionando sobre qual o significado para eles de Universidade e qual a sua função para a sociedade. Muitos ficaram sem saber definir direito, alguns disseram que a Universidade servia para ter um diploma de ensino superior para trabalhar, e que você podia trabalhar dentro dela. Com isso, explicamos o que é Universidade fazendo a diferenciação entre ela Faculdade e Instituto. Destacando que as universidades oferecem atividades de ensino, de pesquisa e de extensão, que são serviços de atendimento à comunidade, nas diversas áreas do saber com o intuito de produzir e compartilhar conhecimentos, saberes e práticas, formando cidadãos, profissionais e intelectuais dotados de consciência crítica e responsabilidade social. Depois dessa introdução no conhecimento sobre o mundo da Universidade, partimos para o conhecimento da formação histórica da Universidade com base em pesquisas e da vídeo-aula do professor Naomar de Almeida.

As Sete Artes da Universidade Medieval 
Sabemos que desde Platão e Aristóteles, a busca pelo conhecimento, sobretudo nas questões de ética, sociedade e política, já fundamentava a produção de conhecimento, que é a base da Universidade. E com isso, assim como é destacado no artigo “Origem e memória das Universidades Medievais”, de Terezinha Oliveira, a origem da universidade vem com a necessidade além de produção, de preservação desse conhecimento. Data-se a primeira universidade a nível mundial em Marrocos, a Universidade al Quaraouiyine, em 859. Porém, na Europa, esta como instituição deu-se no período medieval, a partir do século XII, com a criação das Universidades Escolásticas, que tinha como essência estar voltada para uma formação teológico-jurídica que respondia às necessidades de uma sociedade dominada por uma visão católica; com uma organização corporativa em seu significado originário medieval; e preservando sua autonomia em face do poder político e da Igreja institucionalizada local da instituição o corporativismo, segundo o artigo Universidade em Perspectiva de Hélgio Trindade. 

Data-se a primeira Universidade no mundo europeu em 1088, a Universidade de Bolonha na Itália; posteriormente foram criadas a de Paris, Cambridge e Oxford, que têm a sua importância e influência no Ensino até os dias atuais. A didática de ensino nas universidades escolásticas dava-se de modo que, antes de adentrar em uma das áreas de conhecimento específico (direito, teologia e medicina), os alunos aprendiam uma formação geral - as sete artes, - subdivididas em “Trivium” (gramática, retórica e lógica) e “Quadrivium” (aritmética, astronomia, geometria e música) e todas estavam intrinsicamente ligadas e dependentes da Igreja.
Durante a Idade Média, a partir do século XV, as universidades passaram por diversas transformações que contribuíram para o fim da teologia hegemônica com o advento do humanismo antropocêntrico. O movimento do Renascentismo nos campos da cultura, arte e literatura também foi determinante nessa transição de uma nova face frente o ensino das Universidades. A Reforma Protestante Luterana introduziu um corte religioso radical entre essas na medida que as Instituições passaram a ser vinculadas ao Estado, pondo o início de um fim para o controle do saber que estava nas mãos da Igreja. E, é a partir daqui que ocorre a busca pelo desenvolvimento das ciências.

Aqui acontece o abandono ao padrão tradicional teológico-jurídico-filosófica, acontecendo a criação de academias científicas, com enfoque em pesquisa, tendo como seus principais evidentes Kant, Descartes e Marquês de Pombal. Dando margem também a profissionalização com a pesquisa dessas ciências. Com o então século XVIII, o Iluminismo e a Revolução Francesa também deixaram marcas na história da Universidade. As ciências seguem sendo institucionalizadas, e se inicia o processo de estatização das Universidades, criando assim uma das características mais importantes da Universidade: o seu papel com a sociedade. De forma semelhante acontece após a Revolução Francesa, que estatiza a Universidade e inova ao fazer subdivisões nas academias, sendo estas as escolas primárias, colégios, liceus e faculdades profissionais (direito, medicina, ciências técnicas). E é a partir dessa época que o centro da instituição universitária passa a ser as complexas relações entre sociedade, conhecimento e poder, servindo de base para os atuais modelos universitários.
O século XVII até o século XIX, chamado de Período Clássico, foi marcado pelo início da modernização das Universidades. O século XVII foi marcado, sobretudo, pelas descobertas da física, astronomia e da matemática, enquanto no século do XVIII o avanço foi predominante no campo da química e das ciências naturais.
A partir do século XX, a Universidade foi tomando forma menos elitista de modo que expandiu mais e tornou-se uma instituição universal com multiplicidade de modelos e com mais enfoque em pesquisa. Nos países em desenvolvimento, a universidade deixou de pertencer a uma pequena parcela dos estudantes (aqueles que possuíam recursos financeiros para bancar os estudos), constituindo-se como uma esperança de transformação do quadro socioeconômico e passou a ser colocada no centro das preocupações políticas. 
No Brasil, no período colonial, a educação foi inserida pelos jesuítas com o objetivo de catequizar e impor os costumes europeus. Com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, ainda Colônia, em 1808, foram instituídos cursos profissionalizantes de nível médio e superior. Mas foi a partir de 1930, que o ensino superior passou por diversas modificações que levaram, de fato, à criação e ao funcionamento das universidades brasileiras, como a criação das Universidades de São Paulo e a Universidade de Brasília. Quando chegou ao fim do Estado Novo e começaram os governos populistas, iniciou-se um processo de ampliação do acesso ao ensino médio, conduzindo também a ampliação da demanda por acesso ao ensino superior. Ao mesmo tempo em que novas faculdades e universidades privadas surgiram, o governo federalizou faculdades privadas e estaduais, reunindo-as para criar novas Universidades Federais. Pouco antes do golpe militar de 1964, a comunidade acadêmica tinha iniciado a discussão em torno da necessidade de reforma universitária, envolvendo a criação de institutos de pesquisa, a modificação da estrutura da carreira docente, o reajuste salarial dos professores e a assistência aos estudantes, através de bolsas, alimentação e alojamento. O Conselho Federal de Educação, ao mesmo tempo que fragmentou o ensino público, procurou incentivar a iniciativa privada, retirando uma série de restrições.



Depois de ter apresentado todo esse apegado histórico da Universidade para os alunos do CEPROG, finalmente, apresentamos toda a estrutura da UFSB, seu modelo pedagógico e seus principais influentes. Foi muito construtivo pois percebíamos o interesse por parte deles, na medida que interagiam conosco com perguntas e reafirmações das informações que passávamos. Falamos também sobre o ENEM, SISU, PROUNI E FIES. E no final, fizemos um Quiz: dividimos a sala em dois grupos e fizemos o jogo de perguntas e respostas com direito a premiação no final. A experiência foi bastante construtiva e com aprendizado tanto pra os alunos, quanto pra mim. "Senti na pele" e pus em prática minha autonomia como estudante, e percebi a importância de sacrificar alguns minutinhos do tempo previsto numa aula, pra que sirva para uma completude do processo de aprendizado eficaz. 
Sem dúvidas, foi uma redescoberta. Nunca me achei boa para ensinar, sempre afirmei que não "era do tipo que sabia ensinar", mas hoje percebo que também serei mais uma eterna aprendiz e educadora...

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