quarta-feira, 8 de julho de 2015

Reflexões sobre a vida e a Obra de Paulo Freire

Paulo Reglus Neves Freire (19/09/1921)
Não é pelo fato de Paulo Freire ser o patrono da educação no Brasil, nem por dar nome ao campus da Universidade Federal do Sul da Bahia - Teixeira de Freitas que a professora Andréa do componente Universidade e Sociedade solicitou que lêssemos o Livro Pedagogia da Autonomia e assistíssemos o documentário Paulo Freire Contemporâneo. Mas sim, quando relacionamos universidade e sociedade não poderíamos deixar de analisar essas obras.

No livro Pedagogia da Autonomia Paulo Freire decorre sobre a prática educativa-transformadora, progressista, de forma crítica numa visão como ele mesmo diz, ideológica dentro de uma ética por ele definida como ética Universal do ser humano.  Não a ética definida pelo mercado, onde os interesses financeiros e a lucratividade sobressaem ao humano, mas àquela no sentido mais fundamental, onde a dignidade humana em sua amplitude é respeitada, essa sim norteia toda a sua obra em todos os capítulos e subcapítulos e é repetida e contextualizada em situações pertinentes ao objeto de estudo, a autonomia.

Paulo Freire coloca como elementos integrantes da prática formadora, progressista e transformadora: a crítica, a coerência, a curiosidade, a inconclusão humana, o movimento da procura, a vigilância, o diálogo e principalmente a ética universal do ser humano. Sabiamente Freire aponta a dificuldade de exercer a todo tempo a eticidade plena, por isso pontua a vigilância, o bom senso e a coerência como direcionadoras do comportamento e ações do educador. 

Ao lermos a obra de Freire temos uma percepção clara de suas ideologias, sua visão quanto ao processo educacional, sua posição de respeito quanto aos críticos de sua obra, afinal o olhar crítico fundamenta suas teorias e sem dúvida seu amor pela pedagogia da autonomia. A primeira percepção citada, por exemplo, ele chama atenção para o cuidado, voltando ao tema vigilância, para que não se perca o poder de julgamento e o pensar certo. As ideologias são importante, até o fato de criticá-las severamente pode está ligada à uma outra ideologia, o que não podemos é torná-las absolutas. Nesse pensamento ele valoriza e enfatiza mais uma vez a ideia do inacabado, que o saber se transforma e devemos aceitar essas mudanças. 

Por fim, o livro proporciona um olhar crítico sobre o conservadorismo e o progressismo na educação, bem como o papel do educador na formação integral do indivíduo contrapondo à ética imposta por interesses comerciais e exaltando a importância da troca de conhecimento entre educador e educandos através do diálogo, da dialética. O autor ainda, enfatiza as diferenças como uma fonte de experiências e conhecimentos. Critica duramente a ética imposta por interesses que suplantam à natureza humana. Decorre ainda sobre a autoridade e liberdade para que a autonomia seja plena e que estas em nada se parece com autoritarismo (ligada ao conservadorismo - distanciamento entre educador e educando) e licença.

Após a leitura do Livro assisti o documentário Paulo Freire Contemporâneo e fui, sem planejar, feliz na ordem que escolhi para realizar a atividade. Isso porque o documentário confirma as impressões que tive sobre o autor e a respeito da pedagogia da autonomia. Desde a primeira narrativa observei a visão de mundo de Freire uma linguagem acessível, próxima de quem ouvi, a valorização da cultura, a negação ao preconceito e o olhar crítico do meio e principalmente o papel transformador da educação. Paulo Freire passou para o livro um conceito de prática-pedagógica já experimentada e difundida por ele mesmo, estou me referindo ao processo de alfabetização de adultos, onde todos os elementos da pedagogia da autonomia esta presente, podemos citar a valorização do indivíduo, suas experiências, sua região e necessidades aproximando a teoria da realidade e interferindo no contexto político-social de um país e por que não dizer, mundo.

Como já disse o documentário atesta as ideias difundidas no livro, é principalmente a confirmação do princípio da coerência, Paulo Freire foi coerente na vida e na escrita, preocupado com os excluídos agiu durante toda a vida a favor dos mesmos, não supervalorizando-os, mas reconhecendo-os como seres humanos e portanto agentes transformadores. Difundiu a coletividade como meio de aprendizagem.

As marcas de um educador com amor imenso pela profissão, inconformado com o conformismo, com o pronto, o especialista em alfabetização de adultos (o que o projetou internacionalmente) o crítico que ensina e aprende. Isso não resume Paulo Freire mas foi o mais próximo que eu pude externar por esse profissional que colocou a dignidade humana em primeiro lugar e assim ensinou e aprendeu por toda a sua vida.




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