segunda-feira, 24 de agosto de 2015


A Universidade: da simples transmissão à construção de conteúdos e seres

Por Isaque Ville


As universidades têm feito parte da formação escolar de muitos na população mundial, e atualmente desempenham um grande papel na sociedade, tem sido uma grande porta de formação de trabalhadores para exercerem diversas funções no mercado de trabalho e na sociedade.

Esse passo importantíssimo para uma capacitação profissional nem sempre foi tão fundamental, divulgada e acessível as pessoas, tendo sido muitas vezes uma forma de segregação e de imposição de poderes sobre aqueles que tinham a chance de ingressar neste tipo de curso.


Essa qualificação de estudo focada em jovens e adultos teve começo na região da Mesopotâmia, com a escola para escribas sumérios por volta de 3.500 a.C., com o ensino da escrita e matemática. Outro local de estudo com grande referência na antiguidade são as escolas dos filósofos, primeiramente a de Platão, com o ensino próximo da filosofia, matemática, ginástica, e posteriormente a de Aristóteles e Sócrates. Porém estas instituições não podem ser consideradas universidades propriamente ditas. O conceito de Universidade no âmbito escolar é de modo sintetizado: centros educacionais, onde há uma ampla variedade de conteúdos ensinados e precisa ter indispensavelmente o ensino, a pesquisa e a extensão de forma indissociável. Sendo assim, devido a limitada área de ensino, estas escolas não podem ser taxadas como Universidades.

Dentro destas determinantes, as primeiras Universidades nesse contexto são as universidades de Bolonha e Paris, nos séculos XI e XII que eram ligadas e controladas pela Igreja. Onde tinham uma formação mais ampla, abordando a teologia, artes, decretos (algo como o curso de Direito), e medicina. Estas Universidades seguiam uma rigorosidade religiosa e tinham muitos de seus estudos voltados para o benefício da própria Igreja, mas também preocupados com o bem social, formando juízes, administradores, dando oportunidade de emprego a professores e sustentando assim uma nova parte das relações sociais. Além disso, havia a possibilidade de estudar ciências exatas posteriormente, e também a chance de formação em nível de mestre e doutor.

Outras Universidades surgiram com o tempo, mas as mudanças e diferenças surgiram com a reviravolta ocorrida na Igreja com a reforma Protestante e a Contrarreforma, onde as Universidades se desvincularam do clero e passaram a ser autônomas. Livre das restrições impostas pela religião, as novas Universidades ampliaram seus horizontes de pesquisas e ensinos, passando a incluir o estudo da física, biologia e química, que eram disciplinas oprimidas pelas leis da Igreja.

A partir de então a visão das Universidades só foi expandindo. Chegando assim ao Brasil, com sua primeira Universidade em 1920, a URJ, Universidade do Rio de Janeiro. Antes disso já haviam poucas escolas de nível superior no Brasil, e muitas vezes os pais mandavam seus filhos para estudar em Portugal, mas seja qual for a opção, Universidades brasileiras sempre foram uma oportunidade para poucos sendo elitizada de várias formas. Depois da URJ surgiram outras Universidades, como a USP, a Universidade do Distrito Federal, a UnB e outras.

Mas até os dias atuais o curso superior não tem sido muito acessível à população brasileira, e isso acaba gerando consequências na sociedade, como nível de conhecimento, de escolaridade, nível econômico, redução em quantidade de profissionais, etc. Para reverter a situação e evitar uma crise social pela falta de capacitação da população, o Governo Federal investiu e têm investido na criação de novas Universidades, ampliação de vagas e criação de oportunidades para maior parte da sociedade, como o programa de cotas, o FIES, PROUNI e outros.

Dentre essas novas Universidades surge a UFSB, Universidade Federal do Sul da Bahia, que com um novo olhar busca quebrar paradigmas de formas de ensino, qualidade dos alunos, melhora na formação humana e social dos seu estudantes, e renovando a visão  que se tem sobre o ensino superior, permitindo que mais alunos tenham acesso ao seu ensino, garantindo isso com três campis de ensino, além dos Colégios Universitários, que garantem oportunidade para os moradores da região crescerem, mudando e melhorando a realidade da região, de forma que cada aluno tem autoridade sobre o caminho que deseja traçar para sua formação, dando liberdade para que ele possa escolher da melhor maneira possível como ele deseja encaminhar o seu aprendizado. Embasado em educadores como Paulo Freire e Anísio Teixeira, a UFSB tem um grande cuidado e uma enorme valorização do aluno, colocando ele não como um ser inferior que vai a Universidade apenas para receber, mas o põe como individuo determinante de sua vida, que em conjunto com a Universidade será capaz de criar conhecimento, moldar a sua realidade e transformar seu mundo, sendo assim o protagonista da as jornada.

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